sábado, 11 de fevereiro de 2012

Famílias terrivelmente pós-modernas

Ainda não me recuperei do último filme que vi segunda-feira passada, sob o título de "Precisamos falar sobre o Kevin" da diretora Lynne Ramsay. Numa interpretação magistral de Tilda Swinton, a história de Eva Khatchadourian é um soco no estômago do espectador que ainda acha que é possível ser feliz em tempos contemporâneos. Há no filme uma espinhosa discussão sobre maternidade, ressentimentos, frustrações e até psicanálise. Não pude resistir e assim que saí da sessão comprei o romance homônimo de Lionel Shriver e estou perplexa diante das cem primeiras páginas. Não sei se a minha identificação pessoal com o tema me faz superestimar o texto, mas é realmente incrível como a autora mistura política norte-americana com subjetividades, memória, discussão estética e o mais polêmico: a negação da maternidade. Estou adorando e, claro, indico para todo mundo tanto o filme quanto o romance, muito embora sugira que só os mais fortes sobreviverão a tamanha porrada. Aos delicados demais, é melhor não chegar nem à foto de capa do romance (aí em cima), pois já parece aterradora.
Em todo caso, lembrando de outro filme que vi sábado passado, parece que o tema da desestrutura familiar e das incomunicabilidades do mundo pós-moderno anda visitando com frequência as telas de cinema. O também excelente "A Separação" do iraniano Asghar Farhadi impressiona pela complexidade das experiências que assolam e colocam em confronto duas famílias tão diferentes e com tanto em comum. E, no ano passado vimos também o estarrecedor "Biutiful" de Alejandro Iñarritu (que já está à venda na Livraria Cultura) neste mesma vertente. Enfim, os dramas familiares herdeiros de Laços de ternura parecem não ter ternura alguma, muito pelo contrário.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

EU VOLTEI!!!!!!!

Brasília, estou de volta!!!!
Formosa city, cheguei, graaaaaçasadeeeeus!!!!!
Nunca pensei que fosse tão bom voltar ao lar.
Acima, a noite de Brasólia (coisa linda de deus!)
Abaixo, coitadinha, a rua principal de Morfosa city, não tão linda, claro, porém a gente não manda no coração, né? kkkkkkkkk
Abaixo 10 motivos para ser feliz por aqui:
1. Cinefilia: Eduardo Coutinho, Abbas Kiarostami, Pedro Almodóvar, voltei pra vocês, meus amores.... ai que saudades dos meus filmes!
2. Juliano Pirajá enchendo o meu saco enquanto roubo os queijos de sua geladeira: hihihihihi!!!!Inclusive ele acaba de dizer que vai trancar a geladeira a cadeado. Hum, me ama!!!!
3. Eu jamais imaginei que iria sentir falta daaaaaaaaaaa...... Surpresa: UEG!!!! Juro que estou com vontade de voltar ao trabalho.
4. Minha casa bagunçada, de geladeira vazia e roupas jogadas no chão: amo muito porque ela é só minha e meu esquema preferido é: só entre se for convidado.
5. O kibe do vandu's: simplesmente o melhor que já comi.
6. Meus livrinhos da minha biblioteca querida. (bagunçada também, mas não menos adorável)
7. Não posso deixar de citar: o clima agradabilíssimo também me fez muita falta, dadas as condições climáticas de minha cidade natal.
8. Os papos deliciosos e as gargalhadas nos botecos com os amigos: Otávio, Rafas (Araújo e Soares), Lili, Juju, Mixas, Rita, Janine............ ai, que alívio!!!!
9. Minhas invencionices na cozinha maravilhosa da tia Émile. Berinjela, quiabo frito, strogonoff com muuuita mostarda, salada de macarrão com atum, pão de queijo, e otras cositas mas.
10. Dormir, acordar, e dormir e acordar de novo na hora que eu quiser, do jeito que eu quiser e com quem eu quiser. Essa, talvez, a melhor parte!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

10 coisas curiosas das minhas férias no Planeta Piauí

Bem, faz exatamente um mês que estou em outro planeta. Sim, havia oito anos que eu não pisava solo piauiense e cá estou, no lugar onde nasci e que cada vez me parece mais distante, porém não menos interessante. Listo aqui, um tanto rapidamente - já que estou em computador alheio - 10 coisas singulares destes últimos 30 dias:
1. Comidas incríveis: Já devo estar uns 3 quilos mais gorda. Difícil resistir às gostosuras da minha tia Soraia, os sorvetes de fruta inacreditáveis, o caldo da Rose, os camarões baratíssimos e de toda qualidade e os sanduíches do Dogão. Isso só o que eu me lembro por agora... A foto é uma homenagem aos doces BB (bom e bonito) da minha tia Soraia.
2. Diferenças socioeconômicas evidentes: Teresina é uma cidade dividida pelo rio Poti. A ponte que liga as zonas norte, sul e centro à zona leste divide não apenas os bairros, mas a economia, a sociedade e as oportunidades e comportamentos culturais. Nunca antes tive a experiência de evidenciar com tanta clareza a desigualdade do país e essa experiência não me sai da cabeça.
3. Cervejinhas geladas com primos e amigos: As farras são óóótimas. Conto em uma só mão os dias em que não tomei uma geladinha com conversas afiadas e boas risadas. Pessoalmente acredito que umas férias decentes envolvem esse quesito e, nesse caso, estou satisfeitíssima!
4. Litoral bacana e muito sujo: A cidade de Luís Correia é muito aprazível, tem praias bem legais e até muito conservadas do ponto de vista da limpeza pública. Mas a cidade em si está um lixo! Os terrenos baldios estão cheios de entulho, sacolas plásticas, um abandono só! Não fiz nenhuma foto de lá porque não tive coragem de fotografar um monte de lixo só pra colocar aqui.
5. Sociabilidade nordestina: Uma das melhores coisas do Planeta Piauí é a galera que mora aqui. Não importa a cidade, o bairro, a cor, a escolaridade, a grana: em geral são pessoas bacanas, comunicativas e dotadas de um bom humor bem peculiar. Fiz algumas amizades, bati bons papos e até dei uns bons beijos por aqui. rs. PS: Abraços a Rose, Saely e minha prima marvelous Anneth.
6. Do forró ao forró: No planeta Piauí tudo vira forró. Música de Gustavo Lima vira forró. Roberto Carlos já virou forró há muito tempo por aqui. Juro que eu ouvi Amy Winehouse, Lady Gaga e (juro por deus!) até Adelle no formato forró. Ouvi uma pergunta interessante de alguém que - como eu - é piauiense mas não mora aqui: Pra quê tanta rádio se TODAS elas só tocam forró?
7. Imensos sushis: Caraca!!!! O sushi daqui só cabe em bocas como a de Angelina Jolie. Adorei, mesmo tendo uma certa dificuldade nesse quesito. Ah, importante: são mais baratos também.
8. Para não dizer que não falei do calor: Impossível não me referir a tão singular característica de nossa terra. Característica definidora de teresina, a temperatura máxima daqui é só para os fortes meeeesmo. O calor aqui é assunto de fila de banco, de parada de ônibus, de mesa de bar. No fim das contas, os 40 graus infernais acabam aproximando as pessoas de um jeito diferente.
9. Porrada em estudante: Acabei de ouvir no jornal da Globo que estudantes entraram em conflito com policiais em pleno centro de Teresina. Durante toda a tarde, o pau quebrou na avenida Frei Serafim. Sensação esquisita tive ao experimentar esse episódio, pois percebi que a coisa havia acontecido a poucos quilômetros de mim e eu precisei ver pela tv pra saber que ele de fato ocorreu. E, sabe o que é muito estranho: as pessoas do meu convívio não comentaram absolutamente nada disso e se surpreenderam de ver, elas mesmas, a notícia pelo telejornal em nível nacional. Esse distanciamento deve ter muito a ver com aquilo a que eu me referi no item dois. Não pude deixar que colocar essa foto aqui e é claro que a encontrei na internet, no mundo virtual far from here...
10. Cajuína: Concluo esta estranha declaração de amor à minha terra natal com a música de Caetano Veloso, quando da morte do poeta Torquato Neto. Gosto desta letra porque me aproxima de Teresina, já que sempre que venho aqui retomo esta reflexão: "existirmos aque será que se destina?"
Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
(Cajuína - Caetano Veloso)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Para não dizer que não falei sobre 2011

Final de ano é tempo de retrospectivas, é sempre um momento de voltar ao passado e rever o que ocorreu durante o período que chega ao fim. Eu também vou listar aqui as 10 coisas que achei mais importantes neste, que não foi um ano tãããão incrível, mas já valeu por não ter ficado no zero a zero (pelo menos pra mim!). Comente minha lista e diga se concorda com ela, provavelmente estou esquecendo outros fatos marcantes de nosso 2011, mas estes são os que vieram à mente com maior nitidez:
1. Uma perda: AmyWinehouse morre aos 27 e com ela uma das vozes mais incríveis dos últimos tempos.
2. Uma polêmica: Lars von Trier declara - em pleno Festival de Cannes - seu apoio ao nazismo e escandaliza o mundo não apenas
com seu último filme "Melancolia", mas com seu
antisemitismo audacioso e fora de contexto.
3. Um movimento: A primavera árabe sacudiu o mundo do outro lado do planeta e mostrou que estamos todos - ocidentais ou não - em busca de nossa própria liberdade.
4. Uma luta: o ex-presidente Lula descobre um câncer, inicia tratamento e não tem o menor problema em mostrar a careca. Arrasou!
5. Um milagre: O carro do meu primo Rafa foi roubado e foi encontrado cinco meses depois.
6. Uma cascata: A presidenta Dilma encontra dificuldade em seu primeiro
ano de governo e sete ministros caem sucessivamente como água de cachoeira.
7. Uma estreia: O filme "A pele que habito" de Pedro Almodóvar extrapola os limites do verossímil e encanta mais uma vez. Vida longa ao diretor espanhol!
8. Uma conquista: Consegui meu diproma de doutorado fazendo a revisão dos capítulos com minha amiga Michelle no Bar Avenida. Como diz o Davizinho: Isso é que é vida, hein, tia?!
9. Um desfecho: Enfim, Barack
Obama resolve retirar seus soldados do Iraque. Vergonha...
10. Um horror: Minha aluna Fernanda Porto foi morta pelo próprio marido e deixa um bebê de três anos. Meus alunos do primeiro ano de letras dedicaram-lhe uma camiseta com o seguinte texto de Oscar Wilde: "O mistério do amor é maior que o mistério da morte". Fernandinha fará falta em 2012.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

10 motivos para voltar ao blog

Pois sim, retorno ao emilicas depois de longo tempo e diversas crises. Solucionadas ou não, não importa muito. Ao fim e ao cabo, eis-me. Abaixo, os dez motivos pelos quais estou de volta:

1.Terminei a odisséia do doutorado (sim, continuo usando o acento em odisséia, me recuso a obedecer regra tão sem sentido que acaba por desglamourizar palavras tão célebres como esta).

2. Senti falta do meu espaço de delírios e desabafos.

3. Preciso voltar a mim mesma e não tenho dinheiro para pagar análise.

4. Fui intimada por vários amigos leitores que – surpresa feliz – eram assíduos neste espaço virtual.

5. Juliana Pequeno resolveu criar seu próprio blog depois de ter lido o meu.

6.. Estou tentando escapar do tédio profundo que me assola. De vez em quando isso aqui ajuda.

7. Tenho saudades das minhas listas (estou feliz de concluir esta).

8. Quero compartilhar minhas leituras e meus filmes com quem se interessar.

9. Também senti necessidade de voltar a destilar o veneno da ironia e do sarcasmo neste universo intergalático tão singular que é a internet.

10. Fiz a promessa de voltar ao blog numa mesa de bar. E, todos sabem que promessas de mesa de bar devem necessariamente ser cumpridas.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Em crise

Não, não voltei ao blog. Estou em crise e não sei se conseguirei me recuperar. A principal questão é: a quem realmente interessa o que se despeja por aqui? Passear pelas letras desta virtualidade frívola faz algum sentido?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Meus últimos 10 filmes nas férias!!!!

Férias existem pra isso: dormir, reencontrar amigos, beber e comer bem, ver seriados bobos e assistir muitos, muitos filmes. Pois, sim, aqui vai a lista dos meus últimos 10, vistos nas férias:
1. Tudo pode dar certo: O novo filme do Woody Allen é, pra variar, sensacional! Neurose, metalinguagem e humor bem elaborado, tudo na medida certa.
2. Preciosa: Esse é de arrasar. Difícil de encarar a vida desgraçada desta personagem. Nem sei se gostei ou não do filme.
3. No tempo das diligências: Um clássico de John Ford que eu já tinha visto, mas quis rever. Adoro principalmente os diálogos.
4. A Riviera não é aqui: Uma comédia francesa excelente que ainda está em cartaz (eu acho).
5. Berlin Alexanderplatz: Uma série que Fassbinder realizou exclusivamente pra TV, conta a vida e os dramas pesados de um homem recém saído da cadeia que deve se virar pra sobreviver na miserável Alemanha da República de Weimar. Não terminei de ver tudo (são 15 capítulos) mas a metade que já assisti é excelente.
6. Shrek para sempre: esses desenhos em 3d são realmente uma boa diversão.
7. Poucas e boas: O Sean Pean atuando num filme de Woody Allen é imperdível! Outro do diretor de Nova York que eu vi por esses dias, comprei por uma pechincha no supermercado, pode?
8. O Iluminado: Revi também o clássico de Kubrick e achei ainda mais aterrorizante. Muito medo do Jack Nicholson: "Muito trabalho e pouca diversão fazem de Jack um cara bobão" Adorei essa parte em que o personagem fica louco de tanto trabalhar. Hahaha!
9. O Orfanato: continuando a sessão terror review, assisti de novo esse ótimo suspense do Juan Antonio Bayona com alusões ao bebê de Rosemary do nosso querido pedófilo absolvido Roman Polanski.
10. Salò - ou os 120 dias de Sodoma: Esse vai ficar na minha memória como o filme mais pornográfico que eu tenho notícia. Não é à toa que Pasolini foi censurado por anos e proibido de exibir essa película de 76. O mais incrível do filme é que ele é lindo! Enquadramentos perfeitos, estilizados como se fossem telas renascentistas; além dos atores e atrizes lindíssimos, cenário deslumbrante e figurino idem. Inacreditável.